Portugal está a “abrir caminho” na recuperação turística e deverá registar um “grande salto” na procura devido ao alívio das restrições e à ampla cobertura vacinal contra a covid-19, disse hoje o presidente executivo do grupo tailandês Minor.
“Há países que estão muito à frente de outros [na recuperação do turismo], sobretudo por causa da vacinação. E nos países onde a vacinação foi acelerada, como Espanha e Portugal, vemos os negócios a regressar fortemente”, disse Dillip Rajakarier à agência Lusa.
Para o responsável do grupo que em 2016 comprou 14 hotéis da marca Tivoli em Portugal, que falava à Lusa à margem da conferência The Resort and Residential Hospitality Forum, em Vilamoura, o alívio das restrições tem tornado mais fáceis as viagens turísticas para a Europa, face a outras regiões do mundo.
“Tem sido mais fácil para os turistas virem para a Europa e nesses países [onde há alívio de restrições] haverá um grande salto na procura nos próximos meses. Nos países que ainda têm restrições será mais lento”, enfatizou.
Segundo Dillip Rajakarier, a maior parte dos hotéis do grupo Minor no sul da Europa “está a ir muito bem”, no norte europeu a recuperação está a ser “um pouco mais lenta”, e na América do Sul está a acontecer “ainda mais devagar devido à [pouca] vacinação e ao número de casos”.
“Estamos muito otimistas em relação a Portugal, é um grande destino. Os outros países até podem ter os mesmos atrativos, mas acho que Portugal é muito avançado, tendo em conta a sua reduzida dimensão”, sublinhou.
Segundo o presidente executivo do grupo Minor, a intervenção dos organismos públicos no apoio à retoma do setor turístico em Portugal e o facto de os portugueses terem “abraçado” o processo de vacinação fazem com que o país esteja “a abrir caminho” em termos de recuperação.
“O que é único e positivo em Portugal é que os portugueses abraçaram realmente o conceito de vacinação, ao contrário de outros países em que, mesmo com altas taxas de vacinação, não vemos as pessoas com esta ligação” ao processo vacinal, frisou.
Para Dillip Rajakarier, o foco agora deve ser o ano de 2022, para que se tentem alcançar níveis de crescimento superiores a 2019, tendo em conta que “os hotéis têm de pensar em como lidar com os novos hábitos dos consumidores”.
Nos últimos dois anos, notou, não só o panorama económico se alterou – com a subida da inflação, dos custos das operações ou da energia, por exemplo -, como surgiram novos segmentos de mercado e novos mercados.
Segundo aquele responsável, a pandemia de covid-19 fez nascer um novo segmento de mercado – o Visiting Friends, Family and Relatives (VFFR) -, que na tradução em português significa visitar amigos, família e parentes.
“É algo novo que surgiu com a pandemia porque durante dois anos não estivemos autorizados a ver os nossos pais, a nossa família, às vezes até mesmo os nossos filhos, por causa do distanciamento social”, explicou.
Atualmente, é notório que “as pessoas querem ligar-se aos amigos e família e há muitas viagens em torno disso, mas também viagens geracionais: os avós quererem viajar com os filhos, e até com os netos, o que está a criar um novo segmento”, apontou.
A edição de 2021 da conferência The Resort and Residential Hospitality Forum decorre até quarta-feira no Tivoli Marina Vilamoura Resort, no Algarve, reunindo especialistas mundiais em investimentos nas áreas do turismo, hospitalidade e lazer.
Lusa