Janeiro é mês de renovar, o começo de um ciclo que se pretende fortunoso

 

Alexandra dos Santos                                                                                                                                  Designer de Comunicação

A água de Janeiro, vale dinheiro. Já diz o dito popular, referindo-se, ao mundo rural em que as chuvas de Janeiro são importantes para que as plantações vinguem. Janeiro é um mês de plantações e “Quem em Janeiro lavrar, tem sete pães para o jantar.” Ou “A lavoura de Janeiro, não a troques por dinheiro”. Ainda outro provérbio diz: Ao luar de Janeiro, se conta o dinheiro. As associações entre Janeiro e dinheiro são recorrentes e fazem parte das nossas tradições. Janeiro marca o início do ano no nosso calendário. Gostamos de desejar que o novo ano seja proveitoso e abundante.

Começamos o ano com 12 passas, uma por cada mês que virá – não vá este iniciar-se sem dinheiro! Segundo a tradição quem comer 12 uvas ao toque das 12 badaladas terá um ano próspero. Parece que este costume surgiu em Espanha e por causa de um imposto. O prefeito de Madrid, entre o final do século XIX, início do século XX, quis aplicar uma taxa municipal a quem celebrasse a chegada dos Reis Magos (pelos vistos impostos disparatados ou estranhos são um costume ancestral). Logo existe sempre quem saiba ou resolve contornar a lei portanto um grupo de madrilenos decidiram comemorar o último dia do ano na Puerta del Sol, gozando com os burgueses e os seus hábitos, e beber champanhe e comer uvas na véspera do Ano Novo (este era um costume importado da Alemanha e da França). O costume da época era comemorar a chegada dos Reis Magos, na noite de 5 de Janeiro, sendo o Ano Novo uma nova celebração. Como os agricultores espanhóis têm um historial de oportunidade e perceção de necessidades, em 1909, os agricultores em Almería, Alicante e Múrcia popularizaram a brincadeira Puerta del Sol para dar escoar o excesso de uvas daquele ano. Portanto o hábito burguês que temos de estoirar rolhas de espumante na rua e comer passas, nasceu de uma forma de contornar um imposto. Um VIVA aos desenrascados que trazem alegria ao povo. Hoje é uma tradição em muitos países e associada. Outra versão para a origem das 12 passas liga-se ao calendário lunar que tem 12 dias de diferença do calendário solar; dias esses que seriam acertados no final do ano. As passas seriam em algumas culturas, o substituto do vinho, numa alusão indireta a Cristo.

Outra tradição de boa fortuna do início do ano é colocar uma folha de Louro na carteira, providenciando abundância à mesma. A folha deve ser guardada o ano inteiro e substituída no início do próximo ano. O Louro é uma erva ligada a Apolo, logo à luz, símbolo da vitória e da força, logo do ouro.

A tradição que mais me diz é a da Romã. Come-se uma romã pelos Reis para ter dinheiro o ano inteiro. Algumas versões da tradição dizem para cortar a coroa e guardá-la atada a um cordel, ou então juntá-la a uma moeda atada na gaveta, como um amuleto. Outras para comer três partes da romã e colocar os caroças na carteira para assegurar dinheiro durante o ano. Em Castelo de Vide, comem-se cinco grãos de romãs pelo dia de reis dizendo: “Em louvor dos Santos Reis”, pedindo um desejo em silêncio. Teófilo Braga, in (O povo Português suas crenças e costumes) refere que no «Dia de Reis deitam-se três bagos de romã no lume para o ter aceso, três bagos na caixa do pão e três no bolso do dinheiro para ter dinheiro e pão». Também existe o costume nalgumas zonas do pais de comer o fruto com açúcar, canela e vinho do Porto. No Brasil guardam-se as sementes de romã na carteira, à semelhança do que fazemos com o louro.

Sempre comemoramos com comida. E o facto de associarmos a comida à fortuna, à abundância relembra-nos que a fartura é também no estômago.

DR

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