A retirada de Portugal de lista alemã que impedia a entrada de viajantes no país sem quarentena é “uma boa notícia”, mas os operadores turísticos demorarão tempo a recuperar a atividade, considerou hoje o presidente do Turismo do Algarve.
“Apesar de tudo, é uma boa notícia, permite a realização de voos não essenciais a partir da Alemanha e isenta de quarentena todos aqueles que tenham a vacinação completa, tenham certificado de imunidade, ou que façam teste no regresso, de PCR ou antigénio”, afirmou o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, à agência Lusa.
Numa reação à decisão anunciada na segunda-feira pela Alemanha de retirar Portugal da lista de países com interdição de entrada no país devido a alta prevalência da estirpe Delta do vírus covid-19, João Fernandes lembrou que, antes da imposição dessas limitações às viagens, estavam “previstos 311 voos para julho oriundos da Alemanha”, mas advertiu que esses números não vão ser repostos de imediato.
“Corresponderiam a mais de 56.000 lugares de avião. Grande parte dessas operações foram canceladas, os operadores turísticos e as companhias aéreas foram, com o anúncio do dia 25, desmobilizando as suas operações, e, portanto, vai ser necessário retomar toda essa dinâmica”, argumentou.
João Fernandes frisou que também a imagem de Portugal, depois do anúncio que impunha as restrições, “sofreu um revés importante” e agora é preciso “ver de que forma é possível captar de novo esta procura”, perante “uma grande desconfiança dos próprios consumidores em relação às decisões que vão sendo alteradas a cada momento e que deixam muitas vezes os viajantes no destino a terem de antecipar o seu regresso”.
“E todo esse processo, ao contrário do que seria de esperar com o certificado digital, está infelizmente a prejudicar aquilo que seria uma abertura esperada por todos” no setor turístico regional, lamentou.
João Fernandes disse esperar que “haja uma estabilização das regras com base no certificado [digital] que foi acordado pelos Estados-membros da União Europeia” e que a sua utilização já esteja mais normalizada após os principais meses de verão e nos meses de maior procura do mercado alemão ao Algarve.
“A maior procura do mercado alemão é em setembro e outubro e, portanto, nesse capítulo há ainda também uma oportunidade muito importante para aproveitar”, acrescentou.
João Fernandes aproveitou também para destacar a importância para a região e o turismo do Algarve do regresso, em 07 de novembro, do campeonato do Mundo de MotoGP ao Autódromo Internacional do Algarve (em substituição do anulado Grande Prémio da Austrália), depois de já ter albergado o Grande Prémio de Portugal, em abril.
“Hoje tivemos uma boa notícia, o anúncio do Grande Prémio do Algarve de MotoGP, em novembro, que é uma época especialmente importante para atenuar a sazonalidade”, afirmou João Fernandes, frisando que a decisão dos organizadores do Mundial “é também um reconhecimento da qualidade da pista e da organização”.
“Certamente já acontecerá numa altura em que a vacinação está muito avançada e esperemos todos que seja permitida a presença de público em massa, que seria muito importante para a economia regional e o país como um todo em termos de imagem”, afirmou, acrescentando que é também “uma oportunidade” para os portugueses acarinharem o piloto Miguel Oliveira, o representante nacional na principal disciplina do motociclismo de velocidade.
A interdição de entrada na Alemanha foi levantada também o Reino Unido, a Índia, a Rússia e o Nepal, além de Portugal, anunciou o Instituto Robert-Koch de Vigilância Sanitária, ao divulgar uma revisão do nível de risco que entrará em vigor na quarta-feira.
Os viajantes provenientes das áreas nesta categoria não são obrigados a fazer quarentena se conseguirem provar que já estão totalmente vacinados, ou que contraíram a doença e já recuperaram.
Os restantes podem ter uma quarentena reduzida de 10 dias se testarem negativo após cinco dias.
Onze países vão continuar na lista vermelha da nova variante: Brasil, Moçambique, Botswana, Eswatini, Lesoto, Malawi, Namíbia, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul e Uruguai.
Lusa